maio 01, 2014

O «25 de Abril» contado por Nós


Repleto de momentos simbólicos, o ciclo comemorativo da Revolução dos Cravos (organizado pela EB1 da Madalena) terminou na tarde da última segunda-feira de Abril, dia 28, cheia de energia e boa-disposição.

As preparações começaram de manhã bem cedo! Com a ajuda dos nossos amigos da Renovar a Mouraria, a Carla e o Hugo, começamos por construir os cenários da peça “O Tesouro”, conto infantil elaborado pelo escritor português Manuel António Pina.










Seguiu-se a organização da exposição, um dos pontos mais altos das nossas comemorações para os 40 anos do 25 de Abril de 1974. Prolongando-se até ao final do ano lectivo, aqui, as memórias ganham vida, e os visitantes podem realmente ver e compreender o nosso empenho durante os últimos dois meses.

Nas paredes da sala estão afixados não só desenhos alusivos às temáticas da Revolução Abril, como os retratos dos militares de Abril ou, em particular, de pessoas ilustres deste período histórico como Salgueiro Maia, mas também todos os documentos de arquivo que nos ajudaram a conhecer melhor este feito! As canções de intervenção do Zeca Afonso, os poemas de Sophia de Mello Breyner e de Ary dos Santos, registos biográficos, fotografias, recortes de jornais, entre outras coisas.




Iniciámos a apresentação por volta das 15h. A audiência enchia a sala! Entre os alunos e as professoras, estavam também os convidados especiais: João Soares, político português nascido na Mouraria; João Cortes, Director do Agrupamento de Escolas Gil Vicente e a Eduarda Dionísio, escritora e responsável pela Casa da Achada-Centro Mário Dionísio.

A primeira parte focou-se na leitura de poemas inspiradores. Excelentemente introduzidos pelo colega Garcia, declamámos vários versos que incidiam especialmente sobre a chegada da Revolução naquela madrugada de Abril.

De seguida, a turma do 4º ano apresentou “O Tesouro” que nos fala desse bem precioso que se chama liberdade.


No final, conversámos com João Soares. De seu nome completo, João Barroso Soares, nasceu na clínica de São Cristóvão (bem perto da nossa escola!) em 28 de Agosto de 1949. É advogado, deputado à Assembleia da República e Presidente da Assembleia Parlamentar da Organização para a Segurança e Cooperação na Europa.

O à-vontade que João tem connosco advém provavelmente da sua vida familiar, já que os filhos têm a nossa idade. Descontraído e com uma postura muito informal, o político lisboeta elucidou-nos sobre as reais e infelizes situações durante a  ditadura.

Filho de Mário Soares, ex-Presidente da República Portuguesa entre 1986 e 1996, não foi em vão a sua contribuição neste dia. É que o seu pai foi um activo resistente da ditadura. Também advogado, defendeu inúmeros presos políticos e representou a família do General Humberto Delgado na investigação do assassinato deste candidato, contribuindo, por isso, para a denúncia da PIDE como responsável do crime.

Em consequência do combate ao regime, Mário Soares foi preso 12 vezes pela polícia política, deportado sem julgamento para a ilha de S. Tomé em 1968 e, dois anos mais tarde, forçado ao exílio em França.

Em 1973, realizou-se a fundação do Partido Socialista (PS), do qual Mário Soares foi eleito Secretário-Geral durante vários anos. Três anos mais tarde, assume o cargo de primeiro-ministro do I Governo Constitucional (1976-1977), quando o PS ganhou as primeiras eleições legislativas efectivamente democráticas.

Estes e outros episódios vividos por João Soares - antes, durante e após 1974 - demonstraram-se fundamentais para a transmissão de uma opinião realista e bem fundamentada sobre o valor do 25 de Abril para o futuro, hoje presente, de Portugal, a qual agradecemos profundamente.
  


"E assim se lembra outro dia febril/ que em tempos mudou a história/ numa madrugada de Abril,/ quando os meninos de hoje/ ainda não tinham nascido/ e a nossa liberdade/ era um fruto prometido.", O Dia da Liberdade de José Jorge Letria
João Soares, político lisboeta, contou-nos alguns episódios que ocorreram no dia da Revolução

Incansável, a D. Ermelinda esteve presente em todas as nossas actividades!


"E como pode alguém viver sem liberdade? Como é possível?,  perguntavam às pessoas que viviam no País das Pessoas Tristes. E então explicavam-lhes: naquele país as pessoas não podiam fazer o que queriam, nem podiam dizer o que pensavam ou o que sentiam. Nem sequer podiam contar esse segredo a ninguém… Até que um dia chegou em que, no País das Pessoas Tristes, as pessoas decidiram reconquistar o seu tesouro"

O Tesouro, Manuel António Pina

abril 27, 2014

Continuar Abril, Sempre!



Somos filhos de Abril,
Da Revolta e da Mudança.
E esta marcha infantil
É um sonho de criança!

Marcha: Somos filhos de Abril

Não há nada mais bonito do que festejar o acontecimento mais importante da História recente de Portugal. Há precisamente 40 anos, os portugueses receberam alegremente a vinda e a fundação da Democracia, que trouxe junto a si a liberdade e a igualdade, condições ansiadas há muito tempo. A opressão, a repressão, o autoritarismo, a censura e a violência finalmente tinham terminado!

Na manhã de 24 de Abril, a nossa marchinha, que reuniu os alunos do Agrupamento de Escolas Gil Vicente, concentrou-se no Largo da Graça. Entoando em voz alta, mostrámos a quem passava por ali, que o 25 de Abril está vivo e, embora sejamos ainda pequenos, não esquecemos o seu valor!

"Vamos fazer florir Abril"
"Somos Nós as pétalas da Liberdade"
"Somos Filhos de Abril"
"O povo tem Abril na memória"
"Portugal é Abril!"
"Pela Liberdade, Sorrisos de Abril"
"Em Abril, Cravos Mil"
"O 25 de Abril mudou o nosso futuro"
"25 de Abril: Somos pequenos, mas não esquecemos!"
"Vamos abraçar Abril"
"Não vamos deixar morrer os cravos"
"A escola pública é de Todos"
"Renovar o 25 de Abril...Sempre!"



abril 23, 2014

"Miriam explica as razões da Revolução de Abril"

A três dias da comemoração oficial do 25 de Abril, fomos ontem à Associação Renovar A Mouraria para escutar um conto que a Marisa Moura escreveu propositadamente para nós, e que pode ser lido aqui.

Sentados no chão da cafetaria assistimos atentamente à interpretação de Alexandre Ovídio que nos contou a história de Miriam, uma menina bengali que vivia no  bairro da Mouraria e que, durante as férias de verão no seu país, tentava explicar aos seus amigos como é que Portugal caiu nas mãos da ditadura e o que motivou a luta pela democracia. 



" Se Portugal fosse um Jardim seria um Jardim de Cravos... Jardim de Cravos da Celeste"