A mulher que transformou a Revolução de 1974 na mais linda Revolução do
mundo esteve no dia 10 de Março na Mouradia - Casa Comunitária da Mouraria para
contar à pequenada da Escola Básica da Madalena como foi que, a partir de um
gesto seu, Lisboa se encheu de cravos no dia 25 de Abril de 1974.
Chama-se Celeste Caeiro e tem agora 80 anos. Curiosos, os
meninos fizeram-lhe perguntas - "Por que é que não é famosa?",
"Tinha filhos na altura?", "Não teve medo dos militares?",
"Acha que contribuiu para que a revolução não tivesse
tiros?" - plantaram pézinhos de cravos nos novos canteiros do Beco
do Rosendo e, ao som das musicas infantis de José Barata Moura, enquanto
uns saboreavam um lanchinho oferecido pelo Pingo Doce outros tiravam
fotografias como se fossem militares de Abril!
Com a D. Celeste veio também um poema em sua homenagem escrito em 1999 pela
poetiza alentejana Rosa Guerreiro Dias. A professora Filomena leu-o num
emocionante momento aplaudido por todos.
Conheces estes versos?
Conheces estes versos?
D. Celeste: o Cravo de Abril |
Plantando os cravos de Abril nos canteiros da Mouradia |
Tu foste de palmo e meio
De voz doce e olhar brilhante.
Falas hoje sem receio
Desse momento importante.
Foste o vaso, foste a terra
Onde o craveiro aflorou.
E assim amainaste a guerra,
A guerra que não sangrou.
Com um molho de cravos na mão
Andaste p’la Baixa à toa
Sem saber da revolução
Que se passava em Lisboa.
À Rua do Carmo chegaste,
Viste soldados armados.
Mas tu não te atrapalhaste
Deste Cravos Encarnados.
Deste um cravo a cada mão
Mais nada tinhas p’ra dar
E o tropa com emoção
Na espingarda o foi espetar.
Com este gesto, mulher
Trouxeste ao país Glória.
Não és uma mulher qualquer
Nem qualquer uma entra p’rá História.
És somente portuguesa
Uma mulher em tantas mil
Mas irás ser com certeza
Mulher dos cravos de Abril.
Para ti Celeste em flor,
Esta pequena homenagem feita por
uma poetisa popular alentejana.
Rosa Guerreiro Dias
25 de Abril de 1999
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