D. Celeste |
Este é o início de uma das histórias mais bonitas da nossa
Revolução que, por mero acaso, tornou-se num símbolo de esperança, paz e
amizade, hoje acarinhado por todos os portugueses.
Escutada com atenção pelos curiosos alunos , D. Celeste continuou:
“No dia 25 de Abril desse ano, como era habitual, apanhei o
transporte para a Rua Braamcamp, a rua do restaurante. A casa nesse dia não
abriu. Dizia o gerente que não sabia o que estava a acontecer, talvez um golpe
de Estado e que, por ser perigoso, ninguém saía.
- Vão para casa, mas antes, passem pelo restaurante para
buscar as flores. É uma pena ficarem ali
e murcharem, pediu o dono.
E assim foi. Juntas,
a D. Celeste e a sua colega Conceição foram até ao armazém, apanharam um
molhinho de cravos brancos e vermelhos, colocaram-no debaixo do braço e saíram.
Indignada com este aparato, D. Celeste pensou
para si mesma: “ Está a dar-se uma revolução e eu vou para casa?”. Apanhou o
metro para o Rossio e dirigiu-se ao Chiado onde se cruzou imediatamente com as
chaimites das Forças Armadas.
- O que é que se passa?, perguntou a D. Celeste quando se
aproximou de um dos tanques.
- Nós vamos a caminho do Quartel do Carmo para fazer render
o Governo , respondeu-lhe o soldado.
- Então, e já
estão aqui há muito tempo?, voltou a interpelar.
- Estamos desde as duas ou três horas da manhã. E
o militar pede-lhe um cigarro.
D. Celeste, que já tinha trabalhado numa Tabacaria, sabia
perfeitamente a sensação de querer fumar um cigarro. Triste por não ter nenhum
consigo, apesar de não fumar, respondeu-lhe:
- Não tenho nenhum cigarro, mas
tenho um cravinho, estendendo-lhe a flor, que o soldado colocou cuidadosamente
no cano da sua espingarda.
Foi o primeiro.
D. Celeste foi distribuindo os cravos pelos militares que
encontrava pelo caminho até à Igreja dos Mártires, espalhando assim, na sua
ingenuidade de menina, a cor vermelha de Abril por Lisboa.
Chegou a casa. A sua mãe, preocupada, perguntou-lhe o que
estava a fazer na rua. D. Celeste foi até janela e mostrou-lhe como lindas
ficaram as ruas com os seus cravos.
Também este ano, a história que acabaste de ler comemora os
seus 40 anos. 40 anos de confiança entre o movimento militar e os desejos do
povo português para derrubar o regime fascista. Mas mais importante, é que foi graças
ao simples mas grandioso acto de D. Celeste que, ao oferecer as flores aos
militares, impediu as espingardas de disparar, transformando o cravo vermelho
numa palavra de ordem visual, expressão da vontade popular pela revolução pacífica,
a Revolução dos Cravos.
Foi Deus, que inspirou a D. Celeste a dar a sua contribuição para evitar um banho de sangue
ResponderEliminarBom dia, linda história! Não sei se ainda vou a tempo de falar com Celeste, mas se alguém puder ajudar-me a encontrá-la... agradecimento infinito... minha página profissional no Facebook é @Psi2019 e de Autora @Patchword de Vida
ResponderEliminarObrigada
Silvia Martins
No se cómo y donde está Doña Celeste, maravillosa persona debe haber sido. Aquí, en mi país, la República Argentina, la hubieran puesto en prisión, torturada, maltratada, y seguiríamos con una put... dictadura civiltar (o sea, la peor mierda, los civiles con alma de militares, cobardes de camisa y corbata que mandan a los militares a hacer el trabajo sucio y después obtienen los beneficios, sobre todo económicos, disfrazando las ganancias económicas con ideales "patrióticos"
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