Chegamos a Peniche por volta das 11h30. Nada como terminar a semana com uma visita de estudo a uma cidade cuja riqueza natural se confunde com a sua longa História de aventuras e peripécias que se perpetuaram durante longos séculos até aos nossos dias.
Entrada para a Fortaleza de Peniche, prisão política durante o Estado Novo |
Após a Revolução de Abril de 1974, algumas famílias portuguesas que regressavam das colónias ultramarinas viram na Fortaleza o primeiro alojamento. Dez anos depois, passou a acolher o Museu Municipal, instituição fundamental para compreender a história não só do concelho mas sobretudo do nosso país.
Entramos no Museu e somos recebidos por Raquel, que nos apresentou de uma forma muito clara o roteiro e as colecções que iríamos visitar!
O primeiro piso estava reservado para o Núcleo Histórico-Etnográfico, Pré-História, Arqueologia Subaquática, Pescas e Construção Naval e incluía a exposição da famosa e incomparável Renda de Bilros. No segundo piso, encontrámos o Núcleo do Arquitecto Paulino Montês, natural de Peniche, cuja obra demonstrou-se singular no seio cultural durante o Estado Novo.
Os últimos degraus da escada levaram-nos ao terceiro Núcleo: o da Resistência Antifascista. A colecção exposta no antigo Pavilhão “C” da prisão política testemunha a utilização da Fortaleza como prisão onde, submetidos a horrendas torturas, os reclusos eram mantidos durante meses e até mesmo anos.
Contudo, o Forte de Peniche, considerado uma das prisões mais controladas do Estado Novo, conta-nos também um episódio extraordinário e memorável de fuga! No dia 3 de Janeiro de 1960, o antigo Secretário-Geral do Partido Comunista Português Álvaro Cunhal juntamente com mais nove presos, ajudados pela compaixão de um guarda-republicano, conseguiram descer para o exterior com uma corda feita de lençóis!
Tentar fugir das cadeias fascistas era uma tarefa árdua e praticamente impossível, pois o total isolamento exterior e interior entre as salas (como a cela do Álvaro Cunhal) impedia que os prisioneiros pudessem organizar entre si qualquer tipo de acção. Muitos foram apanhados e regressam à prisão, outros enviados para o Campo de Concentração do Tarrafal, outros desapareceram.
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